terça-feira, 30 de março de 2010

O Dragão de Uffington - parte 2


No dia seguinte, os heróis levantam-se cabeça fresca, pedem um farnel ao estalajadeiro e partem para investigar a região e qualquer traço do dragão. A primeira paragem é a figura branca, traçada no monte. Sem qualquer dúvida, tratam-se de contornos criados com uma substância semelhante a giz, mas manchados de sangue. Os heróis recordam as histórias dos locais que dizem que o sangue é um sinal de que o dragão está de novo a despertar. Olhando à sua volta, os heróis vêem toda uma vasta região de montes roliços verdejantes, campos cultivados e aldeias pitorescas. A Norte, ergue-se um monte de relevo peculiar, cujo topo é plano. A Sul, ergue-se um outro monte, cujas encostas parecem recortadas em degraus. Ali perto,

Os heróis partem para norte, atravessando os campos de erva húmida com o orvalho da manhã e sobem o monte raso. Os locais chama-lhe Dragon Hill, provavelmente por causa da antiga lenda que refere o combate do padre com o dragão e onde supostamente o dragão teria morrido. À primeira vista, nada de estranho. O solo está coberto de relva, sem qualquer outro tipo de vegetação. Andando de um lado para o outro, Jérôme pisa um botão ainda agarrado a um pedaço de pano. Sem dúvida trata-se de um botão do punho de um casaco, cujo brasão gravado na superfície não conseguem identificar. Elena tenta recordar-se em vão se o brasão do fidalgo Richards seria igual. Sem saber o que fazer ao botão, guardam-no.

Ali perto, os dois heróis vêem os campos cultivados da região. Recordando o aldeão que diz ter visto os campos queimados depois do dragão ter por ali passado, decidem investigar mais de perto. É óbvio que algo queimou os campos. Um rasto de terra e plantas queimadas marca os campos como uma cicatriz gigante. A terra foi pisada por algo gigantesco e, embora os heróis não descubram qualquer outro indício, os factos parecem confirmar as piores suspeitas dos aldeãos.

O sol começa a atingir o zénite. Aqui e ali, manadas de vacas passeiam-se prazenteiramente, comendo a relva e deleitando-se no sol pálido do meio do dia. Jérôme e Elena sobem até ao cume do monte a sul, cujo relevo é recortado em degraus. A superfície das encostas é pontilhada como um queixo por pequenas tocas de texugos. No topo, são visíveis os restos antiquíssimos de uma antiga muralha de terra que circunda o cume do monte com um fosso a toda a volta. Trata-se de uma construção com centenas de anos, erodida pelo tempo, intocada pelas gentes locais, o que torna ainda mais óbvio a terra remexida. Os heróis apercebem-se imediatamente que a zona remexida é um pequeno rectângulo que sugere a forma de uma campa. Temendo o pior, Jérôme e Elena descobrem um cadáver em avançado estado de decomposição, envergando um hábito. É, sem dúvida, o padre que desaparecera há alguns dias. A sua mão inchada aperta um pedaço de pano que coincide que o pano do botão encontrado anteriormente. Lentamente, as peças do puzzle começam a encaixar.

Para esclarecer o mistério e confirmar as suas suspeitas, os dois companheiros regressam a Uffington onde confirmam, inquirindo os aldeãos, que o brasão no botão pertence à família Vane. Desta forma, Jérôme e Elena conseguem demonstrar aos aldeãos de que, na verdade, o dragão não existe e que Richard Vane parece ser o responsável. Apenas podem especular quanto às razões do fidalgo mas os aldeãos são facilmente persuadidos a juntarem um grupo e a atacarem o castelo de Richard Vane para vingar a morte do padre e a atmosfera de medo que se tem vivido. Armados com forquilhas, machados, facas e archotes, a turba avança sobre o solar ao cair da noite. Apanhado de surpresa, Richard Vane ordena aos seus homens que o defendam. A multidão irrompe pela sala principal onde Vane e os seus homens enchiam a barriga em redor de uma mesa farta de comida.

Apesar da fúria que os impele, os aldeãos sentem ainda o medo de atacarem um nobre mas Vane, na sua vaidade e arrogância desmedidas, insulta os aldeãos, revelando afinal que o dragão era apenas uma desculpa para que os ignorantes dos aldeãos oferecem-se uma virgem em sacrifício, virgem que seria Martha, a rapariga que Jérôme e Elena haviam salvado no dia anterior. Vane afinal é obcecado pela rapariga. A ovelha no fundo da ravina servira para dar o sangue que os aldeãos julgavam ser do dragão que renascia. As colheitas foram queimadas pelos homens de Vane. Mas quando o plano correra bem demais, e o padre decidira defrontar o dragão, Vane não tivera outra opção senão matá-lo para o impedir de revelar o seu plano.

Sentido-se traído pelo que considera ser os seus inferiores, ordena aos homens que ataquem. O combate é sangrento. Os aldeãos lutam corajosamente mas o treino militar dos homens de Vane dá-lhes a vantagem. No caos da batalha, por entre membros decepados, homens guinchando de dor e sangue cobrindo o chão e as paredes, Jérôme e Elena conseguem aproximar-se Vane para desferir o golpe mortal. Mas os homens de Vane protegem-no cegamente, cobrindo a sua retirada. Impotentes para impedir a sua fuga, os aventureiros auxiliam os aldeãos contra os guardas, cobrindo a sua fuga para fora do solário. No final da noite, o massacre termina por fim, com os homens de Vane mortos ou dispersos e muitos dos aldeãos mortos ou feridos.

Jérôme e Elena recuperam dos seus ferimentos. A vida na aldeia retorna à normalidade. Quando a memória dos eventos se desvanece na mente dos aldeãos, os dois aventureiros fazem-se à estrada, cientes que, apesar de terem deixado Vane fugir, cumpriram a sua obrigação, ajudando os fracos e oprimidos contra o despotismo daqueles que estão no poder.

2 comentários:

  1. Na maioria das vezes não tenho paciência para ler os "reports" das campanhas de outros jogadores, mas os teus conseguem prender a atenção do princípio ao fim.

    Bom trabalho. :)

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  2. Obrigado. Acho que faço o possível para os escrever da maneira como eu gostaria de ler se fossem de outro grupo.

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