domingo, 3 de maio de 2009

A Abadia do Medo



[NOTA]: Apesar das semelhanças entre estas personagens e as personagens da campanha oficial que estamos actualmente a jogar, O Caminho de Kane, a relação entre ambas é ténue. Podemos dizer que estas são o protótipo das outras quando os jogadores criaram personagens para uma aventura curta para testar o sistema.

PROTAGONISTAS

Jérôme d'Alembert - Antigo membro da guarda real de Luís XIII de França. Após alguns anos, decide sair e explorar o mundo.

Éloise Danglars - Oriunda de uma família nobre de França, os pais naufragaram a caminho do Novo Mundo. Única sobrevivente, foi salva por Olivier le Bouchon, o pirata. Integrada na tripulação como filha adoptiva de Olivier, depressa ganhou a admiração da tripulação numa série de ataques às colónias Espanholas e Portuguesas das Caraíbas. Mais tarde, voltou para reclamar a herança da família em França mas foi traída. Mudou de identidade para fugir às autoridades.

Ano 1610. As duas personagens viajam para Paris, atravessando uma zona idílica e pastoral a alguns dias a Sul da capital de França. Os prados verdes estendem-se até se perderem de vista, aqui e ali pontuados por pequenas zonas arborizadas, e por casas campestres simples, por campos cultivados e gado a pastar. Antes de chegarem à aldeia de Bienville, passam por uma igreja católica romana de construção relativamente recente. A aldeia em si é um pequeno aglomerado de casas de pedra simples em redor de um largo central. As personagens dirigem-se à estalagem Le Grenou para aí pernoitar antes de, no dia seguinte, continuarem para Paris.

Um grupo de homens parece discutir enquanto o estalajadeiro corre as outras mesas atendendo os poucos locais que ignoram a discussão. Curiosa, Éloise senta-se numa mesa perto do grupo. Aparentemente, um dos homens, com roupas de boa qualidade (sapatos novos, uma túnica e barba bem aparada) tenta convencer um grupo de homens que são trabalhadores a continuarem o seu trabalho na abadia. O porta-voz dos trabalhadores recusa dizendo que o local está assombrado e já lá perdeu um homem. Fartos, os trabalhadores desistem e saem da estalagem.

Eventualmente as personagens conversam com o homem e descobrem que é um rico mercador, herdeiro de uma propriedade fora da aldeia, onde se erguem as ruínas de uma abadia. Contratou trabalhadores para construírem nas ruínas a sua nova mansão. Mas agora os trabalhadores queixam-se que as ruínas estão assombradas e que algo matou um dos seus homens. Curiosas, as personagens decidem investigar, não sem antes o estalajadeiro os advertir que as ruínas são um local maldito e que as histórias que se contam são verdadeiras. Na aldeia, evitam falar das ruínas enquanto se benzem e trancam as portas. Apesar de tudo, as personagens ficam ainda mais curiosas e antes de partirem decidem visitar o padre da aldeia.

O padre recebe-os de bom grado mas fica surpreso quando lhe contam as suas intenções de explorarem as ruínas. Segundo ele, a abadia foi construída por monges da ordem de São Bento (Beneditinos) em 1300 e qualquer coisa. Há 30 anos, a abadia foi pilhada por Huguenotes (nas guerras religiosas de França) e desde então caiu no abandono. Os monges venderam o resto da propriedade e partiram. Os terrenos passaram então para as mãos de uma família rica cujo herdeiro é o homem que as personagens conheceram na estalagem. Desde a sua destruição, a abadia tem sido assombrada por uma força demoníaca e os locais evitam aproximar-se. Munidos desta informação, as personagens partem para as ruínas.

A alguns quilómetros, numa elevação solitária e fustigada pelo vento, a silhueta ameaçadora da abadia projecta a sua sombra sobre as personagens. O edifício principal é a nave da igreja com um claustro de um dos lados. Paredes destruídas são testemunho da violência que ocorreu neste lugar. A lua cheia lança a sua luz pálida e doentia sobre a abadia. As personagens depressa descobrem o acampamento dos trabalhadores no interior da abadia e começam de imediato a explorar o lugar. Mas algo não está bem. Ao entrarem no claustro deparam com uma figura que caminha na direcção deles, saída das sombras das arcadas opostas. A criatura, um morto-vivo em decomposição, é seguida por outras três que atacam as personagens. Depressa são despachados a golpes de espada mas ao regressarem à Igreja, as personagens apercebem-se de outros movimentos furtivos. Mais criaturas mortas-vivas atacam as personagens.

Depois do combate, as personagens confirmam que, de facto, a abadia é assombrada por algo. Explorando-a com cuidado, descobrem uma passagem por detrás do altar que conduz a uma catacumba. Aí, por detrás de uma parede agora destruída, encontram um esqueleto debruçado sobre uma mesa com restos de comida há muito secos. O lugar parece ser uma antiga prisão e a parede sugere que alguém foi emparedado aqui. Na parede, alguém escreveu com sangue: Constance. Antes que as personagens possam continuar a sua exploração, o esqueleto ergue-se e, com uma força sobre-humana, ataca-os acompanhado pelos mortos que descem as escadas. Com algum custo, as personagens conseguem livrar-se das hediondas criaturas, destruindo-as e fugindo.

De volta à aldeia, falam com o padre e descobrem nos registos antigos da paróquia a referência a um Tomás de Grellan, monge da abadia, que fora condenado por bruxaria e executado. Segundo os registos, Constance era de uma antiga família da região. A moradia ainda existe embora em ruínas e, no interior, as personagens descobrem uma antiga bíblia com uma árvore genealógica da família. Constance está indicada como tendo morrido muito nova. Uma nota escrevinhada à pressa revela que a rapariga definhou pouco depois do desaparecimento de Tomás de Grellan. As peças começam, pouco a pouco, a encaixar.

Sabendo que a única maneira de dar paz ao espírito atormentado de Tomás é reuni-lo com a sua amada Constance, as personagens visitam a cripta da família. Enquanto Éloise pretende levar as ossadas de Constance para a abadia, Jérôme opõem-se veementemente. Regressam à aldeia para aí pernoitar mas Éloise, teimosa, parte sem o seu companheiro e regressa à cripta de Constance para levar as ossadas. Jérôme parte em direcção à abadia, pressupondo erradamente que Éloise teria ido para aí. Atacado sozinho na abadia pelas criaturas mortas, cai vítima da ira de Tomás de Grellan, o espírito que atormenta o lugar.

Até hoje, a abadia continua a ser um lugar amaldiçoado que os locais evitam a todo o custo. Dizem os aldeãos que o que quer que atormente a abadia, continua a fazer-se ouvir pela noite dentro: um som cruel e arrepiante de uma alma penada.